Dra. Maria Inês Harris, especialista em segurança cosmética, comenta a demanda por ingredientes naturais nos produtos de higiene e beleza
São Paulo, 03 de setembro de 2019 – A alta demanda por produtos com ingredientes naturais impulsiona o mercado no Brasil e no mundo. Conforme apontado pela Future Market Insights (FMI), as vendas globais de cosméticos naturais devem ultrapassar US$ 54 bilhões em 2027.
“Atualmente, não há uma definição clara para um cosmético ser considerado natural. É comum que seja confundido com conceitos como vegano ou orgânico. Apesar de esses conceitos serem bem diferentes entre si, todos eles convergem para o fato de que há consumidores que buscam causar um menor impacto no planeta”, afirma a Dra. Maria Inês Harris, Diretora Executiva do Instituto Harris, especializado em avaliação de segurança na área cosmética.
Segundo a especialista, os principais ativos naturais usados nos produtos de beleza e higiene pessoal são óleos essenciais e extratos vegetais. “Essas matérias-primas de origem vegetal podem oferecer uma percepção de maior segurança, saúde e preservação do meio ambiente para o consumidor, no entanto, ainda há diversos contaminantes nessas matérias-primas que precisam ser avaliados durante o desenvolvimento do produto”, alerta.
Há diversas formas de extrair substâncias de um determinado vegetal para que sejam usadas em formulações, e a utilização de solventes é uma delas. Tanto os fornecedores de matérias-primas quanto os fabricantes devem verificar se os solventes usados são apropriados para garantir a qualidade do extrato. Além disso, deve-se verificar também se os níveis dos solventes residuais estão em níveis adequados para o consumo humano.
As micotoxinas (ou toxinas fúngicas) são metabólitos secundários produzidos por fungos que podem estar presentes nas matérias-primas vegetais utilizadas na produção de alimentos, produtos de higiene pessoal e cosméticos. O ataque por fungos pode ocorrer ainda nas plantações, durante a colheita, armazenamento, processamento da planta e até mesmo no momento de armazenamento do extrato ou do óleo vegetal finalizado. Além disso, a presença de pesticidas e metais pesados são exemplos de fatores que precisam ser prioritários nos processos de formulação e segurança cosmética.
“Um produto de origem natural pode parecer ser mais seguro no primeiro momento, mas na verdade as etapas na avaliação de segurança dessas matérias-primas devem ser tão rigorosas quanto de matérias-primas sintéticas. Ou seja, no final das contas, quem vai garantir se a matéria-prima é própria para uso é o profissional de Avaliação de Segurança, e não apenas a origem do material”, assegura a Dra. Harris.
Público infantil – Em janeiro de 2019, a Agência Nacional de Segurança Sanitária da Alimentação, do Meio Ambiente e do Trabalho, da França, publicou um relatório preocupante que indicou a presença de substâncias tóxicas em fraldas em níveis acima dos permitidos. De acordo com matéria no jornal Le Monde, foram localizados mais de 60 elementos tóxicos nas matérias-primas utilizadas, dentre eles pesticidas e contaminantes químicos, que agem como desreguladores hormonais e resíduos que causam distúrbios no sistema reprodutivo e no desenvolvimento.
“Infelizmente, o caso que está ocorrendo na França deve servir de exemplo a todos nós. Trata-se de um caso grave de utilização de matérias-primas de péssima qualidade (dentre elas o algodão contaminado) e que provavelmente não foram submetidas às análises necessárias. Todos os produtos de beleza e higiene pessoal, como fraldas e absorventes íntimos, devem passar por uma extensa avaliação de segurança, ainda mais por ficarem em constante contato com a pele e mucosas, facilitando contaminações”, afirma a especialista.
“Poucos sabem que a presença de pesticidas deve ser verificada mesmo se o produtor alegar não usar nenhum tipo de agrotóxico, pois há a possibilidade de o solo estar contaminado ou até mesmo por conta de resíduos presentes na água usada na irrigação. O mesmo ocorre com os metais pesados, sendo que o risco de bioacúmulo no vegetal (acúmulo ao longo do tempo) pode ser ainda maior na agricultura orgânica, como já relatado em diversos estudos“, ela complementa.
Produtos intitulados “naturais” podem dar ao consumidor desavisado uma impressão de segurança maior, porém isso só é realidade se o produto passou por séria avaliação de sua formulação e riscos associados, sem contaminações perigosas nas matérias-primas.
Sobre a Dra. Maria Inês Harris – Diretora Executiva do Instituto Harris, a Dra. Maria Inês Harris é Química, com Ph.D. em Química (UNICAMP) e Pós-Doutorado em Toxicologia Celular e Molecular de Radicais Livres (UNICAMP) e em Lesões de Ácidos Nucleicos (CNRS, França) e é certificada no curso “Avaliação da Segurança dos Cosméticos na UE” (Universidade de Bruxelas, Bélgica). Atuou como gerente técnica de Pesquisa Clínica na Alergia Pesquisa Dermatocosmética, gerente de segurança de produtos da Natura e especialista em métodos HPLC (High Performance Liquid Chromatography) na Alcon Laboratórios. Também foi professora do Curso de Especialização em Cosmetologia das Faculdades Oswaldo Cruz (São Paulo) por 19 anos e coordenadora de Pesquisa Institucional da Universidade Bandeirantes (atual Anhanguera) no Brasil. É autora dos livros “Pele – Estrutura, Propriedades e Envelhecimento” e “Pele – do Nascimento à Maturidade”.
Sobre o Instituto Harris – Exclusivamente voltado à avaliação de segurança dos ingredientes e produtos cosméticos – desde seu desenvolvimento até a produção –, assim como à consultoria científica e aos programas de treinamento e capacitação profissional relacionados às Boas Práticas da Fabricação (BPF), o Instituto Harris é referência em serviços de avaliação de riscos. Sua equipe experiente oferece suporte às atividades de criação de ativos e de produtos cosméticos desenvolvidos sob os mais altos critérios de segurança, sem o uso de testes em animais, para empresas nacionais e internacionais. Para mais informações, acesse o site, FB, Instagram e Youtube, ou entre em contato pelo tel. (11) 3129-5398 ou e-mail contato@harris.com.br.